Maluncolandia

O Mundo de Dentro

Existe um espaço vazio dentro de mim. não sei dizer se é oco, se é vácuo, se é um respiro. O oco as vezes me entala a garganta, me faz sentir uma dor física, desviada, no peito mais ou menos. O oco as vezes está preenchido de bile, cheio, transbordando ácido e as vezes é só vácuo.  Se encostar os ouvidos nas paredes internas do meu oco e ouvir pela parede o som que se propaga, parece que é um suspiro, parece que é um respiro de pia que regurgita. o som não ecoa dentro do oco, não há som no meu oco. Dentro do meu oco eu não escuto a minha voz, eu não escuto minha barriga roncar, eu não escuto o coração bater. Eu nem sinto o oco, pelo menos não metaforicamente. Mas fisicamente, literalmente, eu sinto o oco material que se expande e comprimi de tamanho dentro de mim. Da pra sentir além da fome do etsomago, por traz dela, além dos ovários cheios de óvulos, dos pulmões e da garganta. É físico e real e maior que qualquer outro.

Meu oco é de pedra, é pesado no meu fundo,  imóvel, inflexível, lentamente mutável,  é a pedra que amola minha lâmina, me afia, me deixa aguda. Corrói meu oco, destrói meu oco, transforma todo o oco em mais oco, em outro oco.

Dentro do oco não há tristeza ou melancolia, nem  nostalgia, nem alegria, nem a maldade.  Meu oco é vazio e aquém de si, não existe por que pensa. Não é vivo, mas tem instinto, fareja meus sentimentos e come, fareja meu pensamento e o come, fareja meus desejos  e o come. Digere tudo e trasnforma em mais e mais oco.

Meu oco é grande e doméstico, voraz, meu oco é tímido e ninguém vê. Meu oco aparece na TPM e  não some depois. As vezes parece que sou eu que estou dentro do oco, mas não sei se posso estar dentro do vazio e ele continuar vazio.

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Onde estás

BemVindo à maluncolia da maluntropia.
à maluscópia malusco-fusca.
metasensorial, de palavras agridoces, e melodias espinhosas, de vozes como chamas de velas e maciez colorida.

onde sempre se encontra minhas próprias descrições derretendo.