Maluncolandia

O Mundo de Dentro


Ele chegou na minha casa e disse:
-Dir! - Eu odeio quando ele troca o s pelo r.
- Quê?
- Óa bora dá uma vota?
Notei a garrafa pet de 2 litros de vinho na mão, desses bem vagabundos. Igual ao esteriótipo de quem o segura. Um dread seboso na ponta da barba. Camiseta preta com uma estampa não identificável, pelo avesso, uma camisa jeans surrada por cima. Um boné verde que já deve ter sido branco, ou branco que já deve ter sido verde (foda-se não sei identificar), uma bermuda marrom com o fundo quase nos joelhos, um chinelo de couro nordestino. Ele levanta o queixo e coça a barba de dentro para fora com a ponta das unhas, grandes e limpas, destoa do resto.
- Tenho o dia todo não, vamo murrinha.
- Pera.
Eu entro, calço chinelo, tiro o vestido rasgado de dormir, coloco uma saia hippie e uma blusinha preta. Procuro alguma coisa pra levar pra comer. Não tem nada. Vai no seco. Desço, ele esta sentado no meio fio, do outro lado da rua, com um cachorro vira-lata sarnento do lado dele. O cachorro olha pra ele, ele olha para o cachorro. Ficam os dois  um minuto assim, ele sorri, depois de uns segundos ele (o cão) percebe que essa amizade é infrutífera, vira de costas e vai embora.
- Mai é foda. - ele bufa.
- Bora - eu faço careta por causa do sol.
Ele levanta tira o chapéu, seca o suor da testa e coloca de volta. Caminhamos até a esquina calados.
viramos a direita. pulamos uma fossa estourada.
- Como foi ontem na casa das txiiias?- ele finge um sotaque forçado.
- Merma merda de sempre. Aquele social escroto, até dá a hora de sair sem fazer barraco. Queria me enfiar em um canto e ficar lendo um livro - desabafo.
- Tua irmã adora quando eu faço isso - debocha.
Reviro os olhos.
- E tu?
- Cara, ontem eu fui num sebo massa na cidade. comprei três livros o cara queria que eu pagasse 15 conto. Levei tudo por 10 e ainda ganhei um vinil de lambuja,
- Bom?
- Ainda não dei uma sacada, mas tarde arrente passa lá em casa para ouvir se tu tiver afim.
- Beleza.
- Aconteceu algo muito bizarro. Eu tarra no ônibus. Dai sobe um crente querendo pregar. Até aí tudo bem, mas o cabra começou a falar alto e gesticular. Aí eu me arretei, só tirei do colo a bolsa que estava tapando minha camisa. Quando ele viu o desenho do diabo nela começou a falar pra mim. Bicho, parecia que o cara tava vendo o capeta na frente dele. -  levava as costas da mão em  pulso até a boca quando falava- botei fé no miserávi, viu o capeta e não se intimidou. Pegou mais ar e enfrentou o demônio.
- Esse tem fé. E os livros quais foram?
- Aquele do Oscar Wilde que você me emprestou uma vez, O Retrato de Dorian Gray, um de contos de Káfka e um livro muito doido chamado Ter ou Ser? andei dando uma sacada, muito massa as ideias.
- Sobre o que é?
- O livro fala sobre os paradigmas da sociedade. Ta ligado essa parada de colapso social que nossa sociedade está indo e tal? O cara fala sobre o esvaziamento total do indivíduo do ter ou do ser, dessa tentativa nossa de consumir para por fim a angústia e depressão. Muita viagem.
- Massa, depois eu quero ler.
- E tu estás lendo o quê?
- Tô terminando o encadernado no Wolwerine em Madripool que você me emprestou. Depois eu vou ler Dias na Birmânia do George Orwell. Mas não estou tão empolgada.

Chegamos na beira da praia. O sol começa a se por do lado oposto ao mar, em meios aos prédios da cidade. Não é tão bonito assim, mas pelo menos dá pra ver a lua quando ela surgir. Se é que hoje tem lua. Não sei. Sentamos encostados numa canoa.
- Amanhã tu vai fazer o quê?- ele pergunta, colocando em dois copos descartáveis vinho pra mim e ele.
- Eu vou jogar RPG com os goticuzinhos que tu não gosta.
-  Posers! - ele chacota.
Eu nem tento contra-argumentar, eles são mesmo. E ele não entenderia a beleza de ser poser, apesar de ser também, muito mais do que admite.
- Sábado à noite tem Nação Zumbi no Antigo, bora?
- Sem grana, sem drama - eu respondo.
- Eu pago a tua caraio, vamo. Tua irmã vai estar de folga no domingo.
- Beleza então, tô prostituindo minha irmã agora.
Ele sorri e coça a barba.
Olhamos um pouco para o mar sem dizer nada, vemos pescadores em seus barquinhos recolhendo as suas redes. Contra o sol laranja de fim de tarde eles se acendem como fogo no oceano azul e cinza.
- Encontrei teu pai ontem - ele quebra o silêncio - eu estava com os caras, eles foram dar parabéns, o velho mostrou o dedo do meio pra eles.
Eu dou risada, meu pai odeia aniversário.
- Cadê eles?
- Foram atrás de umas marias por aí, povo fuleiro.
- Fiquei com um cara ontem.
- E aí?
- Ah... Massa, mas ele fala "pobrema"... Cara tem pegada mas é burro.
- Tu é muito retardada! Seu problema é que você não escolhe seus parceiros, você aceita. Você tipo, fica com uns caras que é difícil de entender o por quê, Sem querer parecer arrogante, mas já sendo, você não fica com caras do seu nível... Parece até que quer se sentir maior que eles.
Paro para pensar em o que contradizê-lo, é verdade eu aceito... mas eu aceito quem eu quiser e isso também é fato.
- Não vejo assim, eu sei lá. Curto mais caras que são fora do normal, feios, esquisitos.Aquele magrelo desengonçado, gordo antissocial, caras meio bizarros... defeitos me dão tesão.
- Tu é doente velho, na moral.
- Homens também têm essa parada. Gostam de mulheres com celulite mais "reais"...
- Homem é um bicho escroto que enfia a rola em qualquer coisa que tenha buraco. Eu estava assistindo um pornô esses dias e observando a beleza feminina. Puta bicho, mulher é uma coisa divina, muito lindo de se observar. É O belo. E o conceito físico de beleza - Ele fala e gesticula olhando para o horizonte mas com a visão para dentro do seu cérebro re assistindo a pornografia que viu.
Eu pego uma vareta e começo a fazer desenhos geométricos na areia, como se fosse um extra-terrestre em plantações americanas.
- No começo foi sem camisinha.- eu falo olhando para baixo.
- O que?- ele sai do transe dele.
- Eu estava bêbada, foi por um segundo só... impossível eu engravidar ou coisa do tipo, entrou  e saiu.
- Embuchar é o de menos. Você é muito idiota. Porra. Você pode ter pego Aids ta ligado? Ou uma DST. O cara é cheio de tatuagem sebosa que parece de cadeia.Você é muito muito idiota. O que tu vais fazer?
Eu enxugo umas lágrimas que caíram sem serem convidadas.
- Vou esperar uns dias e fazer um exame de sangue.
Ele consente com a cabeça. E enche nossos copos pela terceira vez, o vinho está começando a ficar quente e difícil de tomar.
-Retardada.
 Sinto um leve desespero, nunca fui de fazer burradas como essa, mas agora não posso julgar todo mundo como sempre julguei.  Me deixei levar pelo calor do momento, essas coisas realmente acontecem, não é conversa pra boi dormir.
- Eu tô rezando para que esteja tudo bem.
- Rezando pra quem?
- Para Bacco - digo e brindo meu copo no dele.
Ele bufa ainda indignado comigo e toma mais vinho. Eu devo estar com cara de que vou chorar. Por que ele muda de assunto rapidamente.
- Eu ando ouvindo um som muito diferente ultimamente. Ave Sangria. Movimento psicodélico dos anos 70 de Pernambuco. Muita viagem o som, tem uma música que diz " Quando eu botar fogo na roupa você vai se arrepender de tudo o que me fez. Você vai ver meu corpo em chamas Pelas ruas... Ho, yeah... E o povo todo horrorizado iluminado pelo meu fulgor mortal eu vou dançar girando o corpo incendiado até cair no chão... yeh yeh yeh". - Ele tamborila os dedos na perna quando canta.
- Soraia me queimou - eu brinco - Também estou ouvindo um som novo, Devendras Banhart, bem diferente, americano, mistura Secos e Molhados com Bob Dylan.Você saca muita influência de Ney Matogrosso no estilo dele.
- Massa.
O céu começa a misturar-se entre roxo escuro e azul, estrelas despontam aos poucos, E volta e meia uma estrela cadente... cai, obviamente. Lembro do texto que escrevi para mamãe, me dá vontade de escrever algo novamente, quem sabe sobre o dia de hoje talvez.
- Passei horas conversando com Vovó ontem- digo me inclinando e encostando minhas costas já dolorida da posição, no ombro dele - Vovô fica ouvindo o rádio dele o dia todo e ela  fica muito carente para conversar. Ela grita com ele e xinga, arenga e ele nem ouve, está cada vez mais isolado no mundo dele.
- A velhice é algo muito bizarro e estranho pra mim.
Eu me inclino para olhar pra ele.
- Falo sério, me imaginar velho. O Cérebro deteriorar, ta ligado? é meio assustador... como a loucura.
- Mas você não percebe que está assim, louco dificilmente sabe que é louco.
- Tem maluco que sabe sim. Total consciência da sua insanidade.E você vai sumindo aos poucos, deteriorando...foda.
- Você tem medo de ser um veio louco déspota. Mas está indo bem pelo caminho. E vai poder julgar todo jovem sem papas na língua como faz todo velho, só que será mais escroto.
Ele retira do bolso um cigarro. Preto, é só um careta, não vejo graça. Ascende e um cheiro de cravo e tabaco se misturam ao da maresia.
- Nietzsche diz que a velhice julga a juventude com falsa moralidade e cansaço- digo - que faz para humilhar e se sentir superior.
- Todo adulto tem inveja, todo adulto tem inveja, todo adulto tem inveja dos mais jovens- ele canta.
- Ta ligado no conceito de super-homem dele? - eu pergunto.
Ele nega com a cabeça.
- Ele fala sobre a evolução do homem o além-homem. Tipo como o homem será quando se soltar das amarras da sociedade. Que ele não será  tipo um herói, que veio para se sacrificar e nem salvar a humanidade. Que ele será arrogante, não obedecerá as leis nem regras e não terá empatia nenhuma com os meros humanos. Tem um objetivo pra ser alcançado e só enxerga ele, viverá isolado e sem pudores.
- Doutor Manhattan- ele bufa.
- Só que sem super-poderes.
A noite chega e nem percebo. A cada minuto o vinho fica mas quente e mais difícil de engolir só que ao mesmo tempo mais fácil de tomar. Ele conta uma historia de Hellboy, Eu comparo com algo de Hellblazer. Não sei quase nada de Hellboy.  Ele tira o celular do bolso e olha a hora.
- Vamo em casa? tem bolo. Daí a gente da um tempo para a lady chegar.
Nos levantamos e eu percebo que o mundo está girando um pouquinho mais acelerado que o normal, e as luzes estão brilhando. Um pouco de álcool e tudo fica mais agradável.
Fazemos o caminho de volta falando sobre quaisquer coisas que se apagam dois minutos depois de serem ditas.
 Encontramos uma senhora na rua, velhinha com uma camiseta estampada com um santo cheio de flores, carrega na mão uma imagem de Nossa Senhora de alguma coisa. Ela levanta mão e gesticula um tchauzinho sorrindo para a figura barbuda e mal vestida que caminha do meu lado. Eu sorrio por que isso é bem contraditório.

 O tiozinho do churros nos dá boa noite. E o cheiro enjoado e gostoso de fritura me atinge. Aproveitamos que o trânsito está caótico demais para os carros andarem a mais de 20 km/h e atravessamos a rua displicentemente. Entramos no prédio. Crianças estão correndo e andando de bicicleta por ali. Ele aponta para um garotinho que não deve ter mais do que 7 anos.
- Puta bicho. Esse gurizinho aí é muito chato - Ele diz - eu estava brincando com neném esses dias aqui e ele chegou pra azucrinar. Fala palavrão pra caralho, não quero ele perto dela.
Eu olho mas o garotinho corre de costas, não consigo identificá-lo.  
Chegamos na casa dele. O clima dentro é abafado e quente. O som da TV está alto e forte cheiro de sopa faz minha barriga roncar. Escuto um gritinho agudo de uma criança. Ela corre descalça, rapidamente com seus cachinhos loiros e castanhos e os dedos do meio e anelar na boca. E abraça minha cintura. Eu me abaixo para lhe dar um beijo. Ela sorri com dentes de leite. Depois volta para pegar bonecas para brincarmos.
Vamos para o quarto dele. Ele pega uma roupa e a toalha e sai para tomar banho. Eu fico com a menina na cama, trocamos as roupas das barbies e penteamos seus cabelos ela deita atravessada no meu colo enquanto eu faço cócegas. 
Ele volta e expulsa a menina do quarto, ela sai a contra gosto. Eu rio. Ele fecha a porta.
- Ela tá numa fase chata de perguntar tudo e querer mexer em tudo no meu quarto. Peguei ela essa semana em pé em cima da cama mexendo nos meus cristais.
Eu olho para a cabeceira, uma organização caótica onde se misturava livros, cristais, duendes, budas e um aquário velho, onde antes havia alguns peixes que dei para ele de aniversário. Lembro que o o gato comeu alguns e os outros morreram sem oxigênio. Criar peixe é tão divertido, Mas eu não sei nada sobre isso, quando dei o aquário, acho que ele se sentiu aliviado. A pasta de desenho está aberta em cima, eu a seguro e vejo um desenho à lápis de um mendigo brincando com um rato. Olho para a parede é o mesmo desenho da parede. Percorro com o olhar no restante da parede, observando quais desenhos tem repetido no caderno. A parede repleta de desenhos, termina na porta de entrada com os dizeres em cima "maloca querida", ao lado uma estante ocupa o recuo da parede. Abarrotada de livros antigos e novos e vinis apenas antigos. Um aparelho de som de pelo menos 10 anos,visivelmente defasado.
Ele coloca o vinil O Rock Errou, Lobão. O som é abafado e cheio de chiado, ruídos confortáveis. Ele fica olhando a parte de trás do vinil e movimentando a cabeça devagar como uma marola enquanto lê. Folheio o caderno. Não tem nada que eu ainda não tenha visto.
- Cê tá ligada na música Maldito Hippie Sujo, Matanza?
Eu aceno positivamente.
- Eu tive uma ideia massa para o clipe dessa música, com um cara todo esfarrapado chegando numa cidade, daí ele é tratado com desdém e se transforma num lobisomem. Eu fico vendo ele andando todo sujo de jeans rasgado... uivando e voltando para a cidade estraçalhando todo mundo. Estou querendo fazer esse desenho, bicho. Está bem marcado na minha cabeça.
Deito a cabeça no travesseiro e fico sentindo o quarto rodar. Escuto a mãe dele chegando da padaria e indo para a cozinha. A padaria é do outro lado da rua, mas ela não consegue demorar menos que uma hora para ir e voltar. Escuto ela falando alguma coisa com o marido (ela o chama de filho, ele tem o nome do pai, então é apenas irônico), sobre alguma vizinha que eu nunca decorei o nome.
- oá, vamo tomá sopa - diz dando um tapa nada delicado na com as costas da mão  minha perna.
Saímos do quarto e seguimos pelo corredor que vai dar na cozinha e na sala de entrada. Seu pai está sentado na cadeira de balanço, camiseta regada, calção de jogador e um chinelo de couro. Olha a contracapa de um CD com bastante interesse. Eu o cumprimento.
- ôooooo minha filha! Você está aí- diz ele me abraçando.- sonhei com você essa noite. Achei você bem triste, comprei um presente para você. Espera aí que eu vou pegar.
Se levanta da cadeira e segue para seu quarto.
Sonhar comigo triste, deve-se traduzir como sonhar comigo solteira. Ele volta com uma bonequinha de uma ninfa de gesso na mão. Ela tem um rosto infantil, segura uma rosa, e apenas um lenço cobre  suas áreas íntimas, mas não erótico, é mais barroco, delicado e infantil. Eu agradeço. E já imagino coloca-la ao lado do duende e do anjinho azul que ele também me deu. Digo que adorei, fico pensando o que danado ele quer dizer  ao me dar essa imagem.

A cozinha é a parte mais quente da casa, as paredes repletas de armários e prateleiras, pouco dá para ver do azulejo creme por trás, o cheiro de sopa e pimenta estão fortes no ambiente.
Eu me aproximo da mãe, dou um beijo em sua têmpora, onde termina seu curto cabelo branco. Coloco a mão no seu ombro. Ela faz um bico de beijo no ar e continua com as mãos na pia, lavando uma mamadeira.
- Tem sopa - ela diz.- acabei de trazer pão fresco também e tem bolo na geladeira.
Eu caminho até os fundos da cozinha, tiro de uma pilha de pratos um fundo e transparente, encho-o com duas conchas de sopa. Hum, legumes! Adoro quando a cenoura é cortada assim pequena, minha mãe não tem muita paciência para cortar legumes, eles geralmente são grandes e excessivamente cozidos, esses estão ao ponto. Sento à mesa e vejo um pote de pimenta caseira, com diversos tipos de pimentas dentro, pela aparência desbotada estão sendo curtidas ali faz tempo. Abro o pote, é um vidro comprido de azeitona reutilizado, Não tem como pingar gotas no meu prato. Inclino o vidro sobre minha sopa e cai muito mais do que eu pretendia.
- Cuidado, essa é da boa- ele diz me observando.
- Eu sou macho, aguento.- minto.
Experimento, é saboroso e eu salivo automaticamente, embora muito envinagrado, pensei mais forte. Mesmo assim é o suficiente para me causar suadeira e soluço.
A Mãe começa a contar uma situação da neném, imitando muito mal sua vozinha, nem é tão engraçado assim, mas ela é a única criança de nosso convívio então observamos todos seus gracejos com o interesse de quem mima demais.
Ele se levanta tira de dentro do bolso da calça jeans o celular e lê as horas.  Enquanto envia uma sms, eu vejo que está mais bem vestido, ou talvez menos mal vestido. Calça jeans do tamanho normal e uma camiseta creme com uma grande estampa da fórmula molecular do álcool etílico.
- Bora, ela está chegando.
Os últimos minutos são meio atrapalhados, a criança chora querendo descer conosco. A Mãe grita com a menina que faz muito barulho, Ele acha ruim o barulho que a Mãe faz para a menina ficar calada. E em silêncio o pai continua ouvindo suas músicas e lendo a contra capa do cd.
Ele olha para o  pai dá boa noite e sai, eu saio junto. Ele me conta pela décima vez a historia de como pai fez ele comprar uma gaita para ensiná-lo e só depois que disse que não sabia mais tocar. Sempre termina a história com "...E entregou para mim a gaita dizendo- perdi a bocadura"a história é sempre a mesma. Ele nunca acrescenta nada de novo.
Sentamos na sarjeta, na parte menos escura da rua. Está bem tarde, o comércio esta fechado, todas as igrejas Eu dou um ar de riso, ess e a movimentação diminuiu drasticamente. Um bêbado ou outro passa na rua, alguns cumprimentam ele, outros me cumprimentam.







 expor as causas da angústia, da depressão e da ansiedade exacerbada do homem deste século.Muita MuitaadaMuMuita viagem
- e

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BemVindo à maluncolia da maluntropia.
à maluscópia malusco-fusca.
metasensorial, de palavras agridoces, e melodias espinhosas, de vozes como chamas de velas e maciez colorida.

onde sempre se encontra minhas próprias descrições derretendo.